sábado, 9 de abril de 2011

Dengue no Ceará: Número de mortes pode duplicar até maio

Secretaria da Saúde já fala em epidemia para o próximo ano. Seria a intensificação da circulação do tipo 4 da doença, novo no Ceará



O prognóstico é nada animador. Com 22 mortes por dengue confirmadas este ano, o Ceará tem grandes chances de chegar ao fim de maio com o dobro de óbitos registrados até agora. Quem admite é a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), responsável por monitorar a endemia.

O Estado tem o segundo maior número de mortes consequentes do vírus. Até o último dia 7, era líder nacional. Contabilizava 20 ocorrências - uma a mais que o Rio de Janeiro. Mas foi ultrapassado pela unidade carioca que, hoje, soma 27 mortes.

No primeiro boletim divulgado pela Sesa após a constatação de epidemia em 27 municípios cearenses, incluindo Fortaleza, 1.744 novos casos foram confirmados em uma semana. Agora, são 10.052. Destes, 2.920 na Capital.

O documento indica mais um óbito em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, e outro em Morada Nova, no Jaguaribe. Uma mulher de 64 e uma adolescente de 14 - totalizando 22 casos.

Três mortes foram descartadas, mas ainda há 35 em investigação. “Estes dois meses são os de maior chance de epidemia generalizada. Podemos chegar a 30 ou até 40 (óbitos). A partir do meio do ano, reduz”, alerta o coordenador de proteção e promoção à saúde da Sesa, Manoel Dias da Fonsêca Neto.

Tipos 1 e 3
Por ora, nenhum óbito teve como causa o tipo 4 da doença, novo no Ceará. Apesar do tipo 2 ter contaminado algumas pessoas, são os tipos 1 e 3 que preocupam. Principalmente o primeiro, pelo retorno 16 anos depois de “desaparecer” do Estado. As crianças de até dez anos são as mais vulneráveis a ele.

Como inúmeros casos não são comunicados à Sesa, a situação pode ser bem pior. “Muita gente tem dengue e não vai ao posto. E o setor privado só notifica quando o paciente é internado. Não cita dados laboratoriais. Como 20% da população tem plano de saúde, isto ajuda na subnotificação”, diz Fonsêca.

Epidemia em 2012
Junte a isto a “superendemicidade” (você contrair um novo tipo do vírus logo após curar-se de outro). Esta possibilidade faz a Sesa já projetar uma epidemia para o próximo ano. Assim, 2012 seria marcado por uma avalanche de casos do tipo 4.

Por ser novo, ele deixa qualquer cearense vulnerável. Inclusive os que já tiveram as demais modalidades da doença. “Se a gente não conseguir reduzir drasticamente os índices de infestação, poderemos ter uma grande epidemia em 2012”, alerta o coordenador.

A dica é eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti em casa e ficar atento a febres agudas e aos sinais de alarme da doença (ver quadro acima). Se isto acontecer, procure o hospital.

ENTENDA A NOTÍCIA

É preciso mais empenho popular na luta contra a dengue. Se os 40 óbitos forem registrados, será o maior número da história do Estado e mais que a soma das mortes dos últimos três anos juntos.

SAIBA MAIS

Mortes já foram registradas em Fortaleza (4), Caucaia (4), Itapipoca (2), São Gonçalo do Amarante (2), Icó (1), Chorozinho (1), Ocara (1), Itaitinga (1), Acarape (1), Quixadá (1), Maracanaú (1), Granja (1), Tejuçuoca (1) e Morada Nova (1).

Por conta da pequena população, as situações mais críticas são em Itapipoca, Pacatuba, Guaiúba, Massapê, Santa Quitéria e Icó.

Conheça alguns sinais de alarme da dengue: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hipotensão postural, sonolência
e/ou irritabilidade, hemorragias importantes: vômitos com sangue ou fezes escuras, diminuição da diurese, diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia (menos 36ºC), desconforto respiratório e queda rápida das plaquetas.

57 municípios cearenses são considerados de risco baixo; 41 de risco moderado; 41 risco alto e 45 de risco muito alto.

Até agora, 23.355 casos suspeitos da doença foram notificados em 166 municípios do Estado.

Bruno de Castro
brunobrito@opovo.com.br

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